Quando nos olhamos no espelho, o que vemos? Nossa imagem refletida, certo? Errado. O que enxergamos é muito diferente de um simples efeito óptico. Vemos uma representação mental de nós mesmos, que não se trata de um reflexo da realidade, mas de uma projeção de nossas próprias fantasias sobre o que as outras pessoas vão achar do nosso corpo.
Normalmente essa projeção é repleta de julgamentos e críticas. É difícil encontrar alguém em plena harmonia com a própria imagem, para a maioria há sempre algo que pode ser melhorado, consertado, modificado. Isso acontece por sermos imersos em uma cultura que traz sempre um ideal de beleza a ser atingido, tanto para as mulheres quanto para os homens. Estamos tão acostumados a buscar esse modelo que, diante do espelho, nossa atenção se dirige muito mais àquilo que falta, aos nossos defeitos e imperfeições, do que às nossas qualidades e características positivas.
Existem situações onde essas representações mentais que fazemos de nós mesmos se descolam completamente da realidade e se tornam muito distorcidas. Nesses casos, o julgamento que a pessoa faz de si é rígido e aprisionante, não se altera mesmo diante dos resultados de seus esforços para mudar seu corpo. Além disso, para alguém com uma distorção da autoimagem corporal, o retorno que recebe das pessoas de seu meio – através de elogios e qualificações positivas – não é reconhecido ou validado.
Alterações graves na autoimagem estão na base do surgimento dos transtornos alimentares, que têm a anorexia e a bulimia como os quadros clínicos mais conhecidos. Uma pessoa com anorexia pode passar longos períodos sem se alimentar ou comendo quantidades de comida muito abaixo do necessário. Ocorre grande perda de peso, porém a pessoa continua se considerando gorda e restringindo cada vez mais sua alimentação. Já na bulimia, há episódios de compulsão alimentar, com a ingestão de grandes quantidades de comida em pouco tempo, acompanhados da sensação de descontrole. Em ambos os casos pode haver comportamentos compensatórios inadequados para evitar o ganho de peso, como o uso de medicamentos ou a indução de vômito.
Recentemente, passamos a observar a existência de outras disfunções relacionadas com a alimentação e a autoimagem corporal. Na vigorexia há uma insatisfação com o corpo ao percebê-lo como muito fraco e uma busca incessante pelo aumento da massa muscular. A pessoa passa a treinar demasiadamente, desrespeitando os limites do próprio corpo, e pode fazer uso indiscriminado de suplementos, colocando sua saúde em risco. Por fim, estudos mais recentes trazem a ortorexia como uma nova disfunção alimentar. Neste quadro, a preocupação em se alimentar da forma correta e com alimentos saudáveis é levada ao extremo, com pensamentos obsessivos e comportamentos radicais que comprometem os outros aspectos da vida da pessoa.
No meio do caminho entre uma visão satisfatória de si mesmo e os graves distúrbios da autoimagem corporal, está a maioria das pessoas que tentam melhorar algo em si e aumentar sua autoestima. É fundamental equilibrarmos esta busca, conscientizando-nos de que, algumas vezes, nossas críticas acerca de nós mesmos podem ser mais duras do que aquilo que o mundo percebe e espera de nós.
Eu desenvolvi um distúrbio identificado como ortorexia, deixei de frequentar bares e festas para não ser constantemente tentada pelas comidas e bebidas calóricas, corro pra casa para não perder o jantar e acabo perdendo aquela fofoca do harpa hour, já que tento seguir a hora certa das refeições acabo limitando programas, e vivo de olho na tabela de tudo… Conquistei o corpo que queria, mas procurei uma psicóloga que me alertou que esse preço é muito alto. Eu concordo com ela, mas parece impossível abrir mão da auto-satisfação :/
Gostei muito da proposta e, ao me olhar no espelho, fiz de mim, poesia… 🙂
Obrigada!!
Adorei!
Acho que todos os praticantes de atividade física e profissionais da área deveriam ler esse post.
Adorei o texto!! Obrigada!
Texto maravilhoso!
me vi muito… acho que não tenho nenhum desses distúrbios, mas hoje quando como coisas não saudáveis fico triste depois…